Representantes do Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (CBH-Doce) reuniram-se no dia 25 de junho, na sede da Associação dos Municípios da Microrregião do Médio Rio Doce (Ardoce), em Governador Valadares/MG, para a 21ª Reunião Ordinária do Comitê. O evento contou com a presença de representantes da Agência Nacional de Águas (ANA), Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM) e Agência Estadual de Recursos Hídricos do Espírito Santo (AGERH).
O secretário executivo do CBH-Doce, Luiz Cláudio Figueiredo, abriu o encontro apresentando a proposta de calendário das reuniões dos comitês estaduais mineiros para o segundo semestre. Em seguida, foi aprovada a deliberação que indica o Instituto BioAtlântica (IBIO AGB-Doce) ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), como entidade delegatária às funções de Agência de Água na Bacia Hidrográfica do Rio Doce, para o exercício de 2016/2020.
O período de estiagem na Bacia Hidrográfica do Rio Doce foi destaque na pauta da reunião. Ney Murta, que representou a ANA, informou que, na comparação com o mesmo período do ano passado, a captação de muitos afluentes do rio Doce tem sido menor em 2015. “Em municípios como Governador Valadares e Colatina/ES, a vazão está inferior à média histórica”. O fenômeno, segundo ele, pode favorecer a concentração de cianobactérias. A boa notícia é que, diferentemente do que foi registrado em 2014, há a possibilidade de mais chuvas este ano.
Representante do IGAM, Débora de Virterbo apresentou aos participantes a Deliberação Normativa Nº 49, de 25 de março de 2015, do Conselho Estadual de Recursos Hídricos de Minas Gerais (CERH), que estabelece restrições de uso em caso de escassez e propõe a criação de um Plano Emergencial de Controle de Qualidade e Quantidade de Recursos Hídricos.
O diretor presidente da AGERH, Paulo Paim, que encerrou o painel sobre a crise hídrica, destacou a importância de uma mudança de atitude por parte da sociedade em relação ao uso da água. “É preciso economizar constantemente. A crise está passando, mas não dá para continuar com o mesmo comportamento”, advertiu.
Foz do rio Doce
Ainda no encontro, foi exposta a situação da foz do Rio Doce. A baixa incidência de chuvas provocou alterações drásticas, por exemplo, em Regência/ES, na região conhecida como “boca da barra”, onde o surgimento de vários bancos de areia impossibilitou o encontro das águas do rio com o mar.
O representante da Câmara Técnica de Gestão de Eventos Críticos (CTGEC) do CBH-Doce, ambientalista Henrique Lobo, explicou que esse fenômeno pode ocorrer em razão de dois fatores. “Em primeiro lugar, podemos trabalhar com a hipótese de ser uma questão natural, provocada pela maré, que está realmente baixa; outra possibilidade está ligada à ação do ser humano”, observou. Atualmente, de acordo com ele, a bacia que se estende ao longo de 83,5 mil km² conta com aproximadamente 4% de floresta natural e 80% das pastagens estão degradadas.
Lobo lembrou ainda que, em 1960, o rio possuía três metros de profundidade média, hoje reduzida a 90 cm. ”O assoreamento, associado a fenômenos naturais, levou ao fechamento da foz do rio Doce”, apontou. Lucinha Teixeira, presidente do CTGEC, disse que a situação deve ser acompanhada de perto pelos órgãos gestores e também pelo Comitê.