Governo do Estado do Espírito Santo
16/11/2015 09h41 - Atualizado em 19/02/2016 17h45

Governo expõe medidas contra impactos da lama em Seminário

Com o objetivo de debater os impactos ambientais e sociais que poderão ser causados pela lama de rejeitos proveniente do rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG) e que atinge o Rio Doce, no âmbito da escassez hídrica que perdura no Estado, o secretário de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rodrigo Júdice; o secretário de Estado de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano, João Coser; e o diretor-presidente da Agência Estadual de Recursos Hídricos, Paulo Paim; participaram do seminário “Crise hídrica e os impactos da lama de rejeitos no Rio Doce”, promovido pela Comissão Especial da Crise Hídrica, da Câmara dos Deputados.

O evento aconteceu no auditório do Ifes de Colatina, na tarde desta sexta-feira (13), e contou com a presença da diretora da Área de Planejamento da Agência Nacional das Águas, Gisela Forattini, deputados federais e estaduais, prefeitos, membros dos comitês de bacias hidrográficas e alunos do Ifes.

A rapidez do Governo do Estado na elaboração de um plano emergencial para minimizar os impactos foi elogiada durante o seminário. O secretário Rodrigo Júdice disse que, desde o momento em que foi anunciado o rompimento da barragem, os secretários se reuniram para traçar estratégias de prevenção para o abastecimento de água das cidades que serão afetadas. Júdice ressaltou a importância da bacia do Doce como um todo.

“O Rio Doce é um instrumento de riqueza para as empresas que estão no seu vale. E a forma delas colaborarem é devolver essa riqueza para a natureza, colaborando com o reflorestamento das matas ciliares, aderindo aos programas do Governo do Estado nesta área, como o Reflorestar, que é organizado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente”, disse.

Durante o evento, Paulo Paim falou sobre a importância de envolver toda a sociedade na gestão dos possíveis impactos. “É importante que todos participem e os comitês de bacias hidrográficas são o espaço institucional adequado para isso”, afirmou.

Desde o último sábado (6), o Governo do Estado tem marcado presença em Colatina e Baixo Guandu. Os secretários João Coser, de Desenvolvimento Urbano, Rodrigo Júdice, de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, o diretor-presidente da Agência Estadual de Recursos Hídricos (AGERH), Paulo Renato Paim, têm permanecido em Colatina, onde foi montada uma base operacional da Defesa Civil Estadual.

Ao longo dessa semana, um trabalho de orientação e conscientização foi realizado pela Defesa Civil Estadual com o apoio de um helicóptero do Notaer, no qual os bombeiros sobrevoaram toda a extensão do Rio Doce na área capixaba. Também foram realizadas visitas por terra e comunicado por meio dos veículos de comunicação da região sob a coordenação do Coronel Fabiano Bonno.

Captação

O secretário Rodrigo Júdice, juntamente com o deputado federal Givaldo Vieira e a diretora da ANA, Gisela Forattini, estiveram, na manhã desta sexta-feira (13), em dois pontos de captação de água em Colatina, além de terem visitado as margens do Rio Doce próximo à segunda ponte da cidade. O objetivo era avaliar a situação destes pontos para o debate durante o seminário "Crise Hídrica e os impactos da lama de rejeitos no Rio Doce".

"Estamos vendo a calha assoreada, um cenário que daqui a alguns dias pode ser composto pela lama das barragens da Samarco que romperam em Mariana, Minas Gerais. Estamos trabalhando muito empenhados, com a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros, além da Prefeitura de Colatina, com o intuito de minimizar os danos relacionados à falta de água e ao meio ambiente.

Propusemos uma ação contra a Samarco, exigindo um plano de comunicação da empresa, entre outras ações, com o intuito de que a empresa aja de forma mais efetiva. Estamos realizando coletas nos municípios que estão sendo afetados pela lama e vamos confrontar essa análise com as análises da água depois que ela chegar. É um trabalho justamente para proteger a população", explicou Rodrigo Júdice.

Desde a segunda-feira (09), o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) vem coletando amostras chamadas "brancas", ou seja, em locais que não foram afetados pela onda de lama de rejeitos. A atividade está sendo realizada pelo próprio Instituto, que possui contrato com um laboratório de análises. O objetivo é produzir contra-análises.

A água está sendo coletada de forma estratégica em Baixo Guandu, Colatina e Linhares, num total de seis coletas realizadas pelo Iema e cinco pela Samarco. A empresa foi intimada pelo Instituto a realizar monitoramento tanto da água do Rio Doce quanto do mar, e a atividade está sendo acompanhada pela equipe de Fiscalização do Iema.

Encerradas as coletas de amostras " brancas", as próximas serão realizadas a partir dos locais afetados pela lama com sua chegada ao Espírito Santo, sendo a primeira série após 24 horas da passagem da lama, e as demais realizadas a cada 48 horas.

Os locais para retirada da água são: Guandu, Itapina, Colatina, Linhares, Povoação.

Alternativas para abastecimento

Carros-pipa, tanques de armazenamento, captação em lagoas, poços artesianos, construção de adutoras, doações de água potável. O Governo do Estado do Espírito Santo, em parceria com os municípios de Colatina e Baixo Guandu, tem buscado alternativas para garantir o abastecimento emergencial de água após a passagem da lama vinda das barragens da Samarco, no Estado de Minas Gerais, nas cidades capixabas.

O secretário de Estado de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano, João Coser, explicou que o Governo do Estado trabalha na execução de um plano de contingenciamento para atender em caráter emergencial as cidades de Colatina e de Baixo Guandu. "Neste primeiro momento, estamos com 50 carros em Colatina, 15 usarão água tratada cedida pelo município de Linhares, serão distribuídos nos pontos principalmente de atendimento público, com prioridade para a saúde, asilos e demais atividades permanentes na cidade. Nos outros 35, vamos colocar água nas estações de tratamento e distribuir nos reservatórios da SANEAR", informou.

No caso específico de Colatina, o secretário destacou a parceria firmada com a empresa Fortlev. "No início desta tarde garantimos 40 caixas de 10 mil litros pela empresa Fortlev que vamos distribuir em pontos estratégicos da cidade de Colatina. Também há a perspectiva de distribuir algumas caixas d’ água para aquela população mais carente que, por ventura, não tenha ainda sua caixa d’água".

Coser também afirmou que a Samarco e a Vale enviaram a Colatina engenheiros e técnicos para analisar a possibilidade de furar poços para captar água próximo às estações de tratamento. "Caso isso se viabilize tecnicamente, teremos essa como a primeira opção, e ainda temos uma segunda opção que foi apresentada ontem, inclusive pelo prefeito Leonardo Deptuski, ao governador Paulo Hartung e que por sua vez apresentou à presidente Dilma Rousseff, que é a perspectiva de duas adutoras na superfície, para garantir que a água chegue na estação de tratamento", explicou.

Já em Baixo Guandu, o secretário informou que há uma possibilidade de captar água do Rio Guandu, por um antigo canal. "Estive com o prefeito Neto Barros nessa manhã ,quando ele me apresentou essa possibilidade. O município já está trabalhando para recuperar esse canal para que ele possa usar a represa do Guandu para ser utilizada como alternativa. Isso se viabilizando, nós provavelmente vamos resolver a situação de Baixo Guandu no que diz respeito ao abastecimento”.

O secretário ressaltou que todas as ações estão sendo planejadas de forma articulada com a coordenação da Defesa Civil Estadual. "Estamos contando com a solidariedade de muita gente e muitas empresas e naturalmente estamos cobrando a presença e o aporte da Samarco".

Solidariedade

Antônio Torres, um dos proprietários da empresa Fortlev, informou que a empresa colocou à disposição do Estados e dos Municípios toda a expertise em armazenamento de água potável e não potável. "A Fortlev está enviando para a cidade de Colatina grandes tanques para serem distribuídos pela cidade. A ajuda chega a partir de amanhã (14). Estamos trabalhando na prevenção para que não aconteça a falta de água na cidade de Colatina. A empresa vai colocar à disposição quantos tanques forem necessários para a população usar. Esse é o lado de atenção ao social da empresa, tentando ajudar a amenizar a situação em Colatina”.

Chegada da lama ao Estado

Segundo a última atualização do Serviço Geológico do Brasil, a previsão é a de que a lama chegue em Baixo Guandu a partir do dia 16 de novembro. Segundo o secretário João Coser, a lama vem perdendo velocidade e força ao mesmo tempo em que perde densidade. "Essa demora tem nos permitido trabalhar um plano de enfrentamento dos impactos da onda de lama que se avizinha", ponderou.

Arrecadação de água potável durante fim de semana

Atentos à situação dos capixabas dos municípios de Baixo Guandu e Colatina, o Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo vai receber as doações de água mineral durante todo o final de semana. Qualquer pessoa poderá fazer sua doação de 08h às 20 horas, no Quartel da Corporação, na Enseada do Suá, em Vitória; no antigo Restaurante Popular de Colatina; e também, na Companhia da Polícia Militar de Baixo Guandu. Durante toda esta semana, os Bombeiros receberam 17.642 litros d´água. Parte do material arrecadado já foi levado para Colatina, onde ficará aos cuidados da Defesa Civil Estadual.

Comandante confirma chegada do Exército neste domingo (15)

No final da tarde desta sexta-feira (13), o governador Paulo Hartung recebeu a visita do comandante do 38º Batalhão de Infantaria do Exército, coronel Edson Massayuki Hiroshi, que na oportunidade confirmou que homens do Exército Brasileiro chegam ao município de Colatina neste domingo (15). Vale lembrar que a medida é uma resposta da presidente Dilma Rousseff após um pedido do Governo do Estado.

Informações à Imprensa:
Adriano Leão
Assessor de Comunicação
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